Uma pesquisa recente do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) revela que a diversidade de gênero e raça nas posições de liderança das empresas brasileiras de capital aberto ainda é alarmantemente baixa. O estudo, que analisou 390 companhias listadas na B3 com dados de 2024, mostra que apenas 16,1% dos cargos de administração são ocupados por mulheres, com um crescimento de apenas 0,3 ponto percentual em relação ao ano anterior. Valeria Café, diretora-geral do IBGC, destaca que é necessário criar condições que permitam a ascensão e permanência de mais mulheres nesses espaços, além de enfrentar barreiras estruturais que dificultam o acesso a cargos elevados.
A pesquisa também aponta uma disparidade racial significativa. Profissionais brancos ocupam 82,6% das posições de administração, enquanto pessoas pardas, amarelas e pretas representam apenas 3,4%, 1,1% e 0,5%, respectivamente. Café enfatiza que a falta de diversidade racial na alta liderança é resultado de oportunidades desiguais e do racismo estrutural, exigindo ações intencionais e comprometidas das empresas para promover mudanças efetivas.
No total de mais de 3,4 milhões de funcionários analisados, a diversidade racial é mais equilibrada, com pretos e pardos representando 9,3% e 33,3% do quadro geral, mas esses números caem entre os líderes. As mulheres, que constituem 37,8% do total de funcionários, ocupam apenas 30,9% dos cargos de gestão, uma queda em relação ao ano anterior. As empresas estatais apresentaram uma leve melhora, com 19,3% dos cargos de administração ocupados por mulheres, em comparação a 15,7% nas privadas.
Recentemente, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou uma lei que exige que pelo menos 30% dos assentos em conselhos de empresas estatais sejam ocupados por mulheres, incluindo uma reserva específica para mulheres negras ou com deficiência. Café ressalta que políticas públicas bem estruturadas são essenciais para acelerar mudanças que o setor privado muitas vezes não consegue promover por conta própria.