Um estudo da MSD Brasil, divulgado em agosto de 2025, acende um alerta sobre o diagnóstico tardio do câncer de colo do útero no Brasil. A pesquisa, que analisou dados de 207 mil mulheres diagnosticadas entre 2014 e 2021, revela que 60% dos casos são identificados apenas em estágios avançados da doença, o que resulta em tratamentos mais caros e menos eficazes. Em comparação, menos da metade das mulheres diagnosticadas em estágios iniciais necessita de quimioterapia, enquanto mais de 85% das pacientes em estágio 4 passam pelo procedimento, além de enfrentarem um maior número de internações e consultas ambulatoriais.
Os dados do Observatório de Oncologia mostram que o custo médio por internação por câncer de colo do útero aumentou de R$ 1.871,50 em 2019 para R$ 2.224,65 em 2022, pressionando o orçamento do SUS, que já gasta mais de R$ 250 milhões anualmente apenas com internações relacionadas a essa doença. A pesquisa também destaca que a maioria das pacientes diagnosticadas tardiamente são mulheres negras e de baixa escolaridade, que dependem exclusivamente do sistema público e muitas vezes precisam viajar para outras cidades em busca de tratamento.
A prevenção é uma medida essencial para reverter esse quadro. O vírus HPV, responsável por 99% dos casos, pode ser prevenido com a vacinação oferecida pelo SUS, enquanto o exame Papanicolau é crucial para identificar lesões precoces. Investir em vacinação e diagnóstico precoce não só salva vidas, mas também representa uma estratégia econômica para o país, reduzindo custos desnecessários para o sistema de saúde e aumentando as chances de sobrevida das mulheres.