A designer brasileira Karoline Vitto, formada em Londres, expressou sua preocupação com o uso crescente da inteligência artificial (IA) na indústria da moda. Em 2020, Karoline fundou sua marca homônima na capital inglesa e já atuou como diretora criativa em importantes eventos como a London e Milan Fashion Week. Recentemente, sua crítica ganhou destaque após a divulgação de uma campanha da marca Guess, que utilizou uma modelo gerada por IA, levantando questões sobre a substituição de profissionais humanos no setor.
O anúncio da Guess, veiculado na edição de agosto da revista Vogue, apresentou uma modelo fictícia criada pelo estúdio inglês Seraphinne Vallora, a pedido do co-fundador Paul Marciano. Karoline argumenta que a interação humana é essencial na criação de imagens, ressaltando que a sinergia entre pessoas não pode ser replicada por máquinas. "A IA pode facilitar processos, mas não substitui a criatividade e a conexão que ocorrem durante uma sessão de fotos", afirmou.
A preocupação com a substituição de empregos na moda é compartilhada por outros profissionais da área. Olivia Merquior, CEO da IARA, destacou que a valorização do talento artístico tem sido fundamental na construção de marcas, mas que atualmente muitas decisões são tomadas com base em dados e custos, em detrimento da criatividade. Ela alerta que essa abordagem pode comprometer a identidade das marcas e o valor percebido no mercado.
Ambas as profissionais concordam que, embora a IA possa trazer benefícios, seu uso desmedido pode levar a uma homogeneização da moda e a um desinteresse pela história e pela arte que fundamentam as marcas. Karoline conclui que a verdadeira inovação deve vir da criatividade humana, e não da mera otimização por algoritmos.