Pesquisadores do Projeto de Peneiração do Monte do Templo anunciaram nesta terça-feira (5) a descoberta de um selo de argila de 2.600 anos, que pode fornecer evidências sobre figuras mencionadas na Bíblia Hebraica. O artefato, do tamanho de uma moeda, possui inscrições em paleo-hebraico e foi encontrado em sedimentos que também continham fragmentos de ossos.
O selo, conhecido como bula, traz a inscrição "Pertencente a Yeda’yah (filho de) Asayahu", que remete a Asaías, um colaborador do rei Josias, do final do século VII a.C. A identificação do objeto foi realizada por Mordechai Ehrlich, que utilizou a técnica de Imagem de Transformação de Reflexão (RTI) para decifrar as inscrições, que se destacam pela legibilidade, algo raro entre as mais de 500 mil peças analisadas ao longo de duas décadas de pesquisa.
Zachi Dvira, codiretor do projeto, ressaltou a relevância do nome Asayahu, que sugere uma conexão com a divindade YHVH (Javé) e indica que o selo pode ter pertencido a uma figura influente do reino de Judá. A descoberta ocorre em um contexto histórico em que a Bíblia relata reformas religiosas significativas promovidas por Josias, após a descoberta de um antigo pergaminho no Templo de Salomão.
As escavações no Monte do Templo são limitadas por questões religiosas e políticas, mas o material analisado foi coletado de forma indireta entre 1996 e 1999, após a remoção de terra por um movimento islâmico. Desde então, mais de 260 mil voluntários participaram do projeto, que já recuperou milhares de artefatos, mesmo diante de desafios como a pandemia de Covid-19 e o conflito entre Israel e Hamas.