A recente decisão judicial em Porto Alegre suspendeu temporariamente a desocupação da Casa de Referência Mulheres Mirabal, um abrigo crucial para mulheres e crianças em situação de vulnerabilidade. A Justiça concedeu um prazo de 15 dias para que a prefeitura responda a questões sobre o imóvel, destacando a pressão exercida por interesses imobiliários sobre as necessidades sociais. Com quase 8 mil casos de violência contra a mulher registrados na cidade em 2024, é alarmante que o poder público priorize grandes grupos incorporadores em vez de garantir proteção e dignidade às mulheres que buscam abrigo.
A Casa Mirabal tem sido um espaço de acolhimento e reconstrução para centenas de mulheres, especialmente em um contexto onde a violência de gênero é alarmante. Dados do Ministério de Direitos Humanos e Cidadania revelam que apenas uma fração das agressões é denunciada, evidenciando a falta de suporte e a invisibilidade enfrentada por essas vítimas. O prefeito Sebastião Melo, reeleito com promessas de mudança, tem sido criticado por manter uma política que favorece a especulação imobiliária em detrimento das necessidades das periferias.
Embora haja avanços pontuais, como a aprovação do auxílio-aluguel para mulheres vítimas de violência, as ações ainda são insuficientes diante da magnitude da crise. A falta de políticas claras para proteger as camadas mais vulneráveis da população reflete uma falência moral e política. Porto Alegre precisa urgentemente transformar o discurso em ações concretas que garantam a proteção das mulheres, evitando que sejam tratadas como meros problemas imobiliários enquanto a cidade se desenvolve sob a pressão da especulação.


