A menos de um ano do início da campanha presidencial, a rejeição à anistia de Jair Bolsonaro (PL) e seus aliados é expressiva entre os eleitores brasileiros. De acordo com pesquisa do Datafolha, realizada nos dias 29 e 30 de julho, 61% dos entrevistados afirmaram que não votariam em um candidato que prometesse livrar Bolsonaro de qualquer pena ou punição relacionada a atos golpistas e condenações pelo episódio de 8 de janeiro. A pesquisa ouviu 2.004 pessoas e possui margem de erro de dois pontos percentuais.
A pesquisa também revelou que 19% dos entrevistados votariam com certeza em um candidato que defendesse essa agenda, enquanto 14% considerariam essa possibilidade. Apenas 6% não souberam responder. A questão da anistia a Bolsonaro se torna um desafio para a direita, especialmente considerando que a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF) indica que indultos não se aplicam a crimes contra a democracia.
Bolsonaro enfrenta atualmente um julgamento no STF relacionado à suposta trama golpista, que ele e o ex-presidente dos EUA, Donald Trump, consideram uma perseguição política. A situação jurídica do ex-mandatário impactou suas alianças, como demonstrado pela reação de governadores como Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) e Romeu Zema (Novo-MG), que tentaram se distanciar da crise. A proposta de anistia, que visava beneficiar 480 condenados em ações penais no STF, perdeu força no Congresso, evidenciando a resistência popular à ideia.
A rejeição à anistia, já perceptível em pesquisas anteriores, foi reforçada pela crise diplomática com os Estados Unidos, onde Trump aumentou tarifas sobre produtos brasileiros, complicando ainda mais a situação dos aliados de Bolsonaro. Com isso, a possibilidade de um perdão ao ex-presidente parece distante, ao menos por ora.