O sonho da casa própria, por muito tempo associado à estabilidade financeira no Brasil, se distancia da realidade de muitos cidadãos. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), divulgada pelo IBGE em agosto de 2025, cerca de 25% da população residia em imóveis alugados em 2024, um aumento significativo em relação aos 18,4% registrados em 2016. Essa mudança reflete uma transformação no mercado habitacional, onde a proporção de moradias alugadas subiu para 23%, enquanto os imóveis quitados caíram de 66,8% para 61,6%.
A pesquisa também revela que o Sudeste concentra a maior parte das habitações, com 43,1% do total, seguido pelo Nordeste e Sul. William Kratochwill, analista da PNAD Contínua, aponta que o aumento no aluguel não é apenas uma questão de preferência, mas um reflexo da alta concentração de riqueza e da inflação persistente que dificultam o acesso à casa própria. Além disso, entre 2016 e 2024, os apartamentos ganharam espaço em relação às casas, indicando uma tendência de adensamento urbano nas cidades brasileiras.
O cenário apresentado pelo IBGE destaca que o aluguel se torna uma opção central na moradia urbana, ao invés de uma alternativa temporária. Essa redução na aquisição de imóveis evidencia a necessidade urgente de políticas habitacionais mais eficazes para assegurar o direito à moradia, um aspecto fundamental da dignidade humana. O estudo sugere que novas abordagens são essenciais para enfrentar as desigualdades habitacionais e garantir que todos os brasileiros tenham acesso a um lar adequado.