Belém do Pará será o palco da COP30, a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, marcada para dezembro de 2025. O evento reunirá líderes globais, empresas e especialistas para discutir soluções para a crise climática. Entretanto, a cidade enfrenta desafios alarmantes, como a fome e a pobreza extrema, que contrastam com a imagem de sustentabilidade que será promovida durante a conferência.
Recentemente, a ONU anunciou que o Brasil saiu do Mapa da Fome, um dado que, embora celebrado, não reflete a realidade de Belém, onde muitos ainda enfrentam a insegurança alimentar. Dados do IBGE revelam que 45,6% da população do Pará vive em situação de pobreza ou extrema pobreza, e a insegurança alimentar afeta cerca de 20,3% dos moradores, com 9,5% em situação grave, o maior índice do país.
A escolha de Belém para sediar a COP30 é simbólica, considerando que a cidade está diretamente impactada pela destruição ambiental e pelo desmatamento. No entanto, a infraestrutura precária, com 78% da população sem acesso à rede de esgoto, levanta questões sobre a viabilidade de discutir justiça ambiental em um local onde muitos não têm acesso a serviços básicos. A expectativa é que a conferência traga investimentos e melhorias urbanas, mas a dúvida persiste: essas transformações beneficiarão a população local ou serão apenas uma maquiagem para os visitantes internacionais?
Além disso, o Pará abriga uma significativa população indígena e comunidades tradicionais, que são fundamentais na proteção da Amazônia, mas que também enfrentam altos índices de pobreza. A contradição entre o discurso da COP30 e a realidade vivida por esses grupos destaca a urgência de políticas públicas que atendam às necessidades da população local, garantindo que os verdadeiros guardiões da floresta não sejam esquecidos nas discussões sobre o futuro da Amazônia.