A cidade de Belém, no Pará, foi escolhida para sediar a COP30, a principal conferência climática global, que ocorrerá em 2025. A decisão foi justificada pela beleza natural da Amazônia, incluindo suas florestas, manguezais e rios. No entanto, a realidade local é marcada por graves problemas sociais, como a falta de saneamento básico e a precariedade das moradias, o que levanta questionamentos sobre a adequação do local para um evento de tal magnitude.
Os preços das diárias em hotéis dispararam, passando de R$ 300 para até R$ 9 mil, refletindo uma exploração econômica em meio a uma crise de infraestrutura. A capacidade hoteleira da cidade é insuficiente para acomodar o número esperado de participantes, levando o governo brasileiro a improvisar com navios de cruzeiro luxuosos como alternativa de hospedagem.
Essa situação expõe um paradoxo: enquanto a COP30 busca discutir a justiça climática, Belém enfrenta desigualdades sociais profundas. As obras de infraestrutura permanecem inacabadas, e a cidade, que deveria ser um símbolo de sustentabilidade, corre o risco de se tornar um mero cenário para discursos ecológicos, sem um compromisso real com a realidade local.
A COP30, portanto, não apenas aborda questões ambientais, mas também revela uma crise de credibilidade. A capacidade do Brasil de liderar a pauta da sustentabilidade global é questionada diante de sua dificuldade em organizar a própria rede de hospedagem, evidenciando a necessidade de um planejamento sério e responsável para enfrentar os desafios climáticos.