O financiamento climático será um dos principais tópicos nas negociações da COP30, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, que ocorrerá em Belém em novembro de 2023. Países em desenvolvimento, incluindo o Brasil, buscam captar pelo menos US$ 1,3 trilhão anualmente de nações mais ricas para enfrentar os desafios climáticos. Um estudo recente do Climate Policy Initiative, vinculado à PUC-Rio, revela que apenas 2% dos recursos internacionais recebidos pelo Brasil foram direcionados para a preservação das florestas, um aspecto crítico na luta contra a mudança climática.
A advogada Joana Chiavari, especialista em Direito Ambiental e diretora do CPI/PUC-Rio, enfatiza a importância das florestas tropicais, que podem atuar tanto como fontes de emissão de CO2 quanto como sumidouras de carbono. Segundo Chiavari, a gestão adequada dessas áreas é essencial para mitigar a crise climática. Apesar do aumento global de 286% no financiamento para setores relacionados a florestas e agricultura entre 2018 e 2023, o Brasil ainda enfrenta dificuldades em atrair capital privado para esses segmentos, devido a períodos de retorno mais longos e complexidades no uso da terra.
Entre 2021 e 2022, o Brasil recebeu R$ 26,6 bilhões anuais em financiamento climático internacional, um aumento de 84% em relação ao período anterior. Esse crescimento superou a média global, que foi de 28%. A maior parte dos recursos veio da Europa Ocidental, representando 50% do total, com a França liderando como principal financiadora. As instituições públicas foram responsáveis por 58% do financiamento, enquanto o setor privado contribuiu com 42%. O cenário é considerado positivo, especialmente após a pandemia de Covid-19 e as mudanças na política climática do país.