Uma iniciativa nos Estados Unidos tem chamado atenção por estabelecer uma comunidade rural destinada exclusivamente a pessoas brancas, com critérios de adesão baseados em ancestralidade europeia. Chamado ‘Return to the Land’ (ou Retorno à Terra, em português), o projeto já conta com cerca de 40 moradores e promete expandir-se para outras regiões, incluindo o estado do Missouri. Fundada em 2023 por Eric Orwoll e Peter Csere, a comunidade está localizada no norte do Arkansas e se apresenta como uma associação privada de membros. Segundo os idealizadores, os residentes devem compartilhar valores culturais europeus, além de passar por entrevistas e verificações de ancestralidade.
A iniciativa, no entanto, provocou forte reação de organizações de direitos civis. A Liga Antidifamação (ADL) classificou o projeto como discriminatório e alertou para os riscos de normalização de ideologias supremacistas. Especialistas em direitos civis ressaltam que, embora o grupo se defina como associação privada, práticas que restringem a participação por raça podem ser contestadas legalmente. Autoridades do Arkansas, até o momento, não registraram infrações legais. Segundo o procurador-geral do estado, o grupo opera sob as leis que permitem associações privadas, desde que não haja violação explícita dos direitos civis.
Ainda assim, a iniciativa levanta questões sobre os limites da liberdade de associação em um país historicamente marcado por lutas contra a segregação racial e a supremacia branca. Analistas políticos e sociólogos alertam que comunidades desse tipo tendem a intensificar a polarização racial e podem se tornar foco de isolamento ideológico. O Return to the Land representa, segundo especialistas, um teste contemporâneo para a legislação sobre liberdade de associação e os limites da discriminação racial em um país que oficialmente se declara igualitário.