O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) anunciou uma mudança significativa para a comunidade acadêmica brasileira: a partir de 21 de agosto de 2025, bolsistas de mestrado, doutorado e pós-doutorado poderão ter outras fontes de renda, desde que atendam a critérios específicos. A portaria, publicada no Diário Oficial da União no dia 12 do mesmo mês, exige que o acúmulo de rendimentos tenha a concordância do orientador e da coordenação do programa de pós-graduação ao qual o pesquisador está vinculado. Apesar da flexibilização, continua proibido acumular bolsas de diferentes agências públicas ou de instituições estrangeiras.
Com essa decisão, o CNPq adota uma política semelhante à da Capes, que desde 2023 já permite o acúmulo de bolsa com outras atividades, deixando a cargo das universidades definir regras próprias. A Fapesp, em São Paulo, foi pioneira nesse aspecto, permitindo atividades remuneradas desde 2004, limitadas a até oito horas semanais. A medida é considerada um avanço por entidades estudantis, pois regulariza a situação de muitos pós-graduandos que já conciliavam a bolsa com vínculos de trabalho informais.
Além da questão do acúmulo de rendimentos, os valores das bolsas seguem sendo alvo de críticas. Após dez anos sem reajuste, o governo federal aumentou os valores em 40% em 2023, mas pesquisadores consideram esse aumento insuficiente. Em agosto deste ano, manifestações em Brasília pediram novos aumentos e melhores condições de trabalho. Se atendida a reivindicação de mais 10%, as bolsas passariam a ter valores mais condizentes com as necessidades dos pesquisadores.