Em uma área rural próxima à linha de frente da Ucrânia, o médico obstetra Serhii Baksheiev, de 53 anos, realiza atendimentos ginecológicos em sua clínica móvel, conhecida como "a nave feminina". Desde 2022, Baksheiev já realizou mais de mil exames, oferecendo serviços gratuitos a mulheres que não tinham acesso a cuidados médicos desde o início da guerra, há mais de três anos.
A clínica, equipada com um aparelho de ultrassom e outros instrumentos para pequenas intervenções cirúrgicas, foi idealizada após a destruição de centros médicos na região. Baksheiev, que começou sua trajetória na saúde em um bunker em Kiev, destaca a importância de levar assistência médica a locais onde hospitais foram completamente devastados. Durante suas missões, a equipe consegue realizar até 80 colposcopias em dois dias, um exame crucial para a detecção precoce de câncer.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) reporta que mais de 1.940 ataques a instalações médicas ocorreram desde a invasão russa, o que representa o maior número registrado em crises humanitárias. O impacto da guerra tem gerado uma queda nas taxas de detecção de câncer de ovário e colo de útero, com uma incidência acima da média de tumores malignos entre as mulheres atendidas por Baksheiev, que alerta para os riscos à saúde pública à medida que o conflito se prolonga.