Cientistas da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) documentaram um comportamento surpreendente de bagres-abelha (Rhyacoglanis paranensis) ao serem flagrados escalando cachoeiras na Cachoeira do Sossego, localizada em Corguinho, MS. O registro foi feito por policiais militares ambientais e revela que centenas desses peixes foram vistos subindo rochas com alturas variando entre 1 e 4 metros. Este é o primeiro registro conhecido de escalada e aglomeração em massa entre peixes da família Pseudopimelodidae.
O estudo, publicado recentemente no Journal of Fish Biology, enfatiza a raridade da espécie e a necessidade de mais pesquisas sobre sua biologia. Os bagres-abelha, que podem medir até 9 centímetros e possuem uma aparência distinta com manchas escuras, habitam rios com forte correnteza e fundo rochoso, onde precisam migrar para se reproduzir. Após o flagrante inicial, os pesquisadores observaram milhares de peixes subindo lentamente o rio, um comportamento também registrado na Cachoeira Diamantes, em Rochedo (MS).
Os pesquisadores analisaram como os bagres utilizam suas nadadeiras e cauda para escalar, criando uma pressão negativa que os ajuda a se fixar nas superfícies. Embora comportamentos semelhantes tenham sido observados em outras espécies, a musculatura específica utilizada pelo bagre-abelha ainda não foi totalmente compreendida. O estudo liderado pela professora Manoela Marinho e sua equipe contribui significativamente para o entendimento da ecologia aquática e da conservação de pequenos peixes migratórios na bacia do rio Paraguai-Paraná.