Uiramutã, município mais indígena do Brasil, enfrenta uma grave situação de emergência devido às intensas chuvas e cheias dos rios, que isolam comunidades e comprometem a produção agrícola. Na última sexta-feira (1º), o governo federal reconheceu a situação crítica na região, onde 60% da população está afetada, dificultando o acesso a serviços essenciais como saúde e educação.
Localizado na tríplice fronteira entre Brasil, Venezuela e Guiana, Uiramutã, a 280 km de Boa Vista, abriga 222 comunidades indígenas, com 96,60% de sua população autodeclarada indígena. A principal via de acesso, a rodovia RR-171, é precária e, em muitos trechos, não é asfaltada, tornando o transporte ainda mais difícil durante as chuvas.
O tenente-coronel Leonardo Menezes, da Defesa Civil Estadual, destacou que todas as comunidades indígenas estão enfrentando dificuldades significativas, com estradas danificadas e pontes precárias. A situação se agrava a cada ciclo de chuvas, levando a comunidade Flexal, por exemplo, a realizar mutirões para reparar estradas e garantir o transporte de produtos como mandioca e farinha, que ficam retidos devido às condições adversas.
A prefeitura de Uiramutã não respondeu aos pedidos de posicionamento sobre a situação até o fechamento desta reportagem. A comunidade local, liderada por Abel Barbosa, tuxaua da Flexal, clama por apoio, ressaltando que a cheia leva tudo e deixa a produção agrícola em risco, afetando a subsistência dos moradores.