Durante uma sessão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 19 de agosto de 2025, a presidente Cármen Lúcia expressou sua preocupação com a evidente resistência dos Tribunais Regionais Eleitorais (TREs) em promover a presença feminina na Justiça. A ministra fez essa afirmação ao discutir uma questão de ordem levantada pelo ministro André Mendonça sobre a validade da resolução que institui listas tríplices exclusivamente femininas para a escolha de juízes no TRE do Rio de Janeiro. Mendonça argumentou que a regra só deveria ser aplicada após sua publicação, resultando na validação de uma lista composta apenas por homens para a atual vaga no tribunal carioca.
Cármen Lúcia enfatizou que muitos TREs parecem esperar sua saída para não aplicar a regra da lista feminina, afirmando que “a má vontade é óbvia”. A ministra também fez uma observação bem-humorada sobre o ministro Nunes Marques, que assumirá a presidência do TSE em 2026, antes de esclarecer que sua intenção era apenas brincar. Ao final da sessão, Cármen reiterou que as decisões do TSE são colegiadas e que há um compromisso com a criação de listas para mulheres, destacando a necessidade de garantir representatividade no sistema judiciário.
As declarações de Cármen Lúcia refletem um debate mais amplo sobre a igualdade de gênero na Justiça brasileira, evidenciando as barreiras que ainda existem para a inclusão feminina em posições de poder. A resistência à aplicação da regra da lista feminina pode ter implicações significativas para o futuro da representação das mulheres nos tribunais, especialmente em um momento em que a sociedade demanda maior equidade e diversidade nas instituições públicas.