A Festa Literária Pirata das Editoras Independentes (Flipei), programada para ocorrer de 6 a 10 de agosto na Praça das Artes, em São Paulo, foi cancelada em 1º de agosto pelo diretor-geral da Fundação Theatro Municipal, Abraão Mafra de Oliveira Lopes. O cancelamento ocorreu sob a justificativa de que o evento interferiria na retomada das aulas de música no local, que recomeçam em 4 de agosto.
A Flipei, que se estabeleceu em 2019 como uma alternativa à Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), contaria com a participação de artistas e intelectuais renomados, incluindo Rincon Sapiência e Leci Brandão. A organização do evento, Cais Produção Cultural, já havia investido mais de R$ 1,2 milhão e alertou que o cancelamento em cima da hora pode acarretar uma multa significativa, uma vez que a legislação exige um aviso prévio de 15 dias.
A produtora anunciou que tomará medidas legais para garantir a realização da Flipei, alegando que a decisão da Fundação é ilegal e contraria o Termo de Parceria assinado em março. Além disso, a Cais Produção Cultural informou que já havia contratado mais de 100 trabalhadores e firmados contratos com 180 editoras, totalizando investimentos de R$ 700 mil.
A Fundação Theatro Municipal e a Secretaria Municipal de Cultura foram contatadas, mas não se pronunciaram até o fechamento desta reportagem. A Sustenidos, organização que administra a Praça das Artes, negou que o evento possuísse conteúdo político ideológico, apesar das alegações da Flipei sobre censura relacionada a debates previstos sobre temas contemporâneos, como o conflito entre Israel e Hamas.