O Brasil, reconhecido como o maior produtor de café do mundo, enfrenta uma realidade em que muitas das marcas disponíveis nas prateleiras pertencem a empresas estrangeiras. Recentemente, a JDE Peet’s, que controla o Café Pilão, foi adquirida pela norte-americana Keurig Dr Pepper, evidenciando a crescente influência de multinacionais no mercado cafeeiro brasileiro. Outras marcas populares, como Melitta e 3 Corações, também estão sob controle estrangeiro, refletindo uma tendência que se consolidou ao longo das últimas décadas.
A Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic) revela que quatro empresas dominam 55,6% do mercado nacional: 3 Corações, JDE Peet’s, Melitta e Nestlé. A presença dessas multinacionais no Brasil começou com a introdução de produtos diversos antes de se concentrarem no café. A expansão das grandes redes de supermercados nas décadas de 1990 e 2000 facilitou a popularização de marcas antes restritas a regiões específicas, permitindo que o café se tornasse um produto amplamente acessível.
As implicações dessa estrutura de mercado são significativas. Embora o café torrado e moído vendido no Brasil seja 100% nacional, a concentração de marcas sob controle estrangeiro levanta questões sobre a autonomia do setor e os desafios enfrentados pelos produtores locais. A Abic destaca que as multinacionais são atraídas pelo grande potencial de faturamento interno e pela facilidade de acesso à matéria-prima, o que pode impactar a competitividade e a diversidade do mercado cafeeiro brasileiro.