O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) decidiu suspender a Moratória da Soja, um acordo que há duas décadas visa proteger a floresta amazônica, e abriu uma investigação sobre as empresas signatárias. A determinação exige que traders de soja cumpram a suspensão em um prazo de 10 dias, sob pena de multas significativas. O superintendente-geral do Cade, Alexandre Barreto de Souza, argumentou que o pacto poderia violar a legislação brasileira de concorrência, levando à necessidade de uma revisão completa das práticas comerciais envolvidas.
A Moratória da Soja impede que traders adquiram grãos de produtores que desmataram áreas na Amazônia após julho de 2008. A decisão do Cade gerou reações polarizadas; enquanto o grupo de produtores Aprosoja Mato Grosso considerou a medida como um avanço histórico, o Greenpeace denunciou que a suspensão pode resultar em um aumento do desmatamento e restringir o direito do consumidor a escolher produtos sustentáveis. A Anec e a Abiove, representando grandes comerciantes e indústrias do setor, expressaram preocupação com a decisão e afirmaram que tomarão medidas para contestá-la.
As implicações dessa decisão são significativas para o setor agrícola e ambiental no Brasil. A suspensão da moratória pode abrir espaço para práticas comerciais que favoreçam o desmatamento, enquanto as entidades envolvidas buscam garantir a legalidade do pacto multissetorial. O Cade também impôs restrições ao compartilhamento de informações sensíveis entre os exportadores de soja, o que poderá impactar a dinâmica do mercado e as relações comerciais no setor nos próximos meses.