Associações de caça no Brasil manifestaram descontentamento com a política nacional de controle do javali (Sus scrofa), considerada ineficaz para mitigar os danos ambientais e agropecuários causados pela espécie invasora. O presidente da Associação Nacional de Caça e Conservação, Daniel Terra, argumenta que a gestão centralizada no Ibama falhou e defende que a responsabilidade pelo controle do javali seja transferida aos estados, que teriam maior capacidade de adaptação às realidades locais.
Terra criticou a atuação do Ibama, afirmando que o órgão não possui condições de gerir a questão. Ele se baseou em dados solicitados pelo deputado federal Daniel Agrobom, que revelaram a falta de estudos detalhados sobre a população de javalis no país. O balanço do Ibama indicou a introdução intencional de javalis híbridos, mas não apresentou informações sobre prisões ou estudos populacionais, o que gerou questionamentos sobre a responsabilidade dos caçadores na dispersão da espécie.
Enquanto isso, em Goiás, avança o projeto de lei nº 8.510/2023, que visa regulamentar o controle populacional do javali-europeu, permitindo sua eliminação em qualquer época do ano, sem limite de quantidade. O autor da proposta, deputado Amauri Ribeiro, justifica que os prejuízos à agropecuária e os riscos à saúde pública exigem medidas mais eficazes. A votação final deve ocorrer em agosto e, se aprovada, seguirá para sanção do governador Ronaldo Caiado.
Os caçadores também criticam a falta de transparência nos dados sobre a população de javalis, que, segundo Terra, só foram divulgados após um pedido parlamentar. O Ibama, por sua vez, reconhece fragilidades nas informações, que comprometem a confiabilidade estatística. As discussões sobre a eficácia do uso de armadilhas em vez de armas de fogo também estão em pauta, com Terra contestando essa estratégia, que, segundo ele, representa apenas 2% dos casos de controle da espécie.