As exigências para a obtenção do passe livre para pacientes da rede de saúde mental de Goiânia têm gerado preocupações sobre a continuidade do tratamento de usuários mais vulneráveis. A mobilidade gratuita é considerada essencial para a melhoria da qualidade de vida, especialmente para aqueles que dependem do transporte para acessar os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS). Relatos indicam que muitos pacientes, sem renda fixa, enfrentam dificuldades devido à necessidade de comprovações rigorosas, como laudos atualizados e frequência regular nas unidades de convivência.
A situação é ainda mais crítica para os pacientes que já não estão em crise constante, pois a exigência de comprovações pode levar ao agravamento de suas condições. A falta de um passe válido não apenas limita o deslocamento, mas também impede o acesso ao cuidado e à convivência social, essenciais para a recuperação. A gerente do CAPS III Novo Mundo, Consuelo Guilardi, destacou que a residência terapêutica, que oferece moradia supervisionada, só será eficaz se os usuários puderem se deslocar livremente para interagir com a comunidade.
Guilardi enfatizou que a proposta de residência terapêutica deve ser acompanhada do direito à mobilidade, pois o isolamento não contribui para a recuperação. "Eles precisam vivenciar outros espaços, frequentar clubes, ir ao cinema, ao museu. Isso contribui muito para o tratamento", afirmou. A situação atual levanta a necessidade de uma revisão nas políticas de mobilidade para garantir que os direitos dos pacientes sejam respeitados e que o tratamento não seja comprometido por burocracias desnecessárias.