O Brasil contabilizou mais de 34.000 casos diagnosticados de hepatite viral em 2024, resultando em aproximadamente 1.100 mortes diretas. A hepatite, que afeta o fígado, é causada por cinco sorotipos de vírus: A, B, C, D e E, sendo os tipos B e C os mais prevalentes no país. A maioria dos casos é crônica, com o vírus permanecendo assintomático por décadas, até que danos graves ao fígado se manifestem.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estabeleceu metas ambiciosas para o controle da hepatite, visando uma redução de 90% na incidência de hepatite B e V e uma diminuição de 65% na mortalidade até 2030. O infectologista Pedro Martins, professor da Afya Educação Médica, destacou que a prevenção é fundamental, uma vez que as hepatites A e E são transmitidas por via fecal-oral, enquanto as hepatites B, C e D ocorrem principalmente através do contato com sangue contaminado.
O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece vacinas gratuitas contra hepatite A e B, com a primeira dose da vacina contra hepatite B sendo administrada logo após o nascimento. A vacinação tem mostrado resultados positivos, com a taxa de detecção de hepatite B caindo de 8,3 para 5,3 casos a cada 100 mil habitantes entre 2013 e 2024. O vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunização, Renato Kfouri, afirmou que a erradicação da hepatite B é viável com altos índices de vacinação.
Apesar do sucesso na vacinação infantil, os casos de hepatite estão aumentando entre adultos de 20 a 39 anos, especialmente entre homens. Em resposta a surtos identificados, o Ministério da Saúde ampliou a vacinação para usuários de PrEP. Enquanto isso, a hepatite C, que continua a ser a forma mais comum e letal da doença, registrou 19.343 novos diagnósticos e 752 mortes em 2024, sem uma vacina disponível até o momento.