O Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic) divulgou nesta quinta-feira (31) as primeiras análises sobre o decreto assinado pelo presidente dos EUA, Donald Trump, que impõe uma sobretaxa de 50% sobre 35,9% das exportações brasileiras para o país. O levantamento preliminar da Secretaria de Comércio Exterior (Secex/Mdic) estima que essa medida afetará exportações no valor de US$ 14,5 bilhões em 2024, enquanto 45% das vendas, totalizando US$ 18 bilhões, estão isentas da tarifa. A lista de exceções inclui 694 itens, como aviões e petróleo.
Além disso, 19,5% das exportações brasileiras para os EUA já enfrentam tarifas específicas, totalizando US$ 7,9 bilhões em 2024, que não serão impactadas pela nova medida. O Mdic ressalta que a maioria das exportações brasileiras (64,1%) continuará competindo em condições semelhantes com produtos de outros países no mercado americano. Produtos que já estão em trânsito não serão afetados pela nova sobretaxa, desde que tenham sido embarcados até sete dias após a publicação do decreto.
O vice-presidente e ministro do Mdic, Geraldo Alckmin, afirmou que as negociações com os EUA continuam, apesar das exceções já estabelecidas. Durante uma entrevista, ele enfatizou que o governo brasileiro busca reduzir as tarifas e ampliar a lista de produtos isentos, visando preservar empregos e aumentar a competitividade no mercado. Alckmin também mencionou que a decisão de taxar produtos brasileiros está sendo contestada no Judiciário americano por empresas locais, o que pode ser uma estratégia para reverter a medida.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, corroborou a continuidade das negociações e destacou que, embora o cenário inicial seja melhor do que o esperado, ainda há setores que enfrentam dificuldades e necessitam de ações imediatas. Haddad planeja se reunir com o secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, nos próximos dias para discutir a situação das exportações brasileiras e buscar soluções para mitigar os impactos da sobretaxa.