O Brasil tem se empenhado em negociações com os Estados Unidos sobre questões tarifárias, mas os esforços não têm gerado os resultados esperados. A análise foi feita por Jean Castro, durante participação no WW, onde apontou as dificuldades na sintonia entre os dois países e na efetividade das mensagens transmitidas. As tentativas de diálogo têm enfrentado obstáculos que vão além das questões puramente econômicas. Segundo Castro, um dos principais entraves está na forma como os Estados Unidos têm vinculado aspectos políticos às discussões sobre tarifas, incluindo questões relacionadas ao sistema judiciário brasileiro.
A complexidade das negociações aumenta quando fatores relacionados à soberania nacional entram em pauta. Castro destaca que, embora haja disposição para concessões em uma mesa de negociação, quando questões fundamentais sobre a autonomia do país e a estrutura dos poderes são colocadas em xeque, as chances de sucesso diminuem consideravelmente. Um exemplo das divergências entre os países está na própria interpretação dos dados comerciais. Enquanto os Estados Unidos alegam que o Brasil possui um superávit comercial em relação a eles, os dados brasileiros apontam para uma realidade diferente, evidenciando a dificuldade em estabelecer uma base comum para as discussões.
Castro ressalta que é necessário retomar as negociações a um nível de racionalidade econômica e tarifária. No entanto, a mistura de questões políticas com aspectos comerciais tem criado obstáculos significativos para o avanço das conversações entre os dois países. O futuro das relações comerciais entre Brasil e Estados Unidos dependerá da capacidade de ambos os lados de superar essas barreiras e encontrar um terreno comum para o diálogo.