O governo brasileiro está mobilizando esforços para que a declaração final da cúpula da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), que ocorrerá nesta sexta-feira (22) em Bogotá, reforce que o combate a crimes na região é uma responsabilidade dos próprios países amazônicos. Essa articulação é uma resposta ao recente envio de navios de guerra dos Estados Unidos para o Caribe, próximo à Venezuela, uma manobra que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sua equipe consideram como uma provocação. Embora a movimentação militar americana não seja o foco principal do encontro, ela deve ser abordada pelas autoridades presentes.
O principal objetivo da cúpula é alinhar as posições dos países amazônicos em relação à COP30, que será realizada em novembro no Brasil. O governo brasileiro acredita que a declaração final deve abordar a questão da presença militar dos EUA, mas sem um posicionamento unilateral que poderia ser interpretado como provocação pela Casa Branca. A intenção é enfatizar a prerrogativa dos países amazônicos em combater crimes como tráfico de drogas e exploração ilegal de recursos naturais, evitando assim uma escalada nas tensões diplomáticas.
Além disso, representantes do governo brasileiro têm mantido diálogos com interlocutores americanos para entender melhor as intenções por trás do envio das embarcações. Há uma percepção de que essa movimentação é utilizada por Trump como um “espantalho perfeito” para enviar mensagens a outros países afetados pelo tráfico de drogas. O Brasil, portanto, busca uma abordagem cautelosa, acreditando que uma declaração própria só seria necessária caso ocorra uma escalada significativa no conflito, como uma invasão das águas venezuelanas pelas embarcações americanas.