O governo brasileiro decidiu recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC) contra as tarifas de 50% impostas pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre produtos brasileiros. A medida, anunciada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, visa contestar a aplicação das tarifas, que especialistas consideram mais simbólica e política do que prática, dado o esvaziamento da OMC desde 2019.
Hussein Kalout, doutor em Relações Internacionais, afirma que a ação do Brasil busca reafirmar os princípios do comércio internacional e a importância da OMC como mediadora de conflitos. Ele destaca que, para uma eventual conversa entre Lula e Trump, é necessário um trabalho prévio de negociação, com objetivos claros e resultados tangíveis.
O vice-presidente Geraldo Alckmin, o ministro da Fazenda Fernando Haddad e o chanceler Mauro Vieira já iniciaram diálogos com autoridades americanas, sinalizando a disposição do Brasil para negociar. No entanto, a eficácia do recurso à OMC é questionada, uma vez que o órgão enfrenta dificuldades operacionais devido à postura dos EUA, que bloqueou a nomeação de novos juízes para o mecanismo de resolução de disputas.
Leonardo Paz, cientista político da FGV, considera acertada a decisão do Brasil de acionar a OMC, ressaltando que isso demonstra a resiliência do organismo internacional diante da sabotagem promovida por Trump. A OMC, criada em 1995, tem o objetivo de garantir um comércio justo entre os países, embora sua efetividade esteja comprometida atualmente.