A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) aceitou, em 26 de março, a denúncia contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, que agora é réu sob a acusação de liderar uma organização que tramou um golpe de Estado no Brasil. A decisão foi unânime entre os ministros da turma. Desde então, o processo avançou rapidamente, com o STF ouvindo testemunhas e interrogando Bolsonaro em junho.
Durante seu depoimento, o ex-presidente negou as acusações, afirmando que, após sua derrota nas eleições, discutiu apenas possibilidades constitucionais com militares, sem intenção de realizar um golpe. Ele também justificou a manutenção dos acampamentos em frente aos quartéis, temendo que a desmobilização pudesse agravar a situação. Bolsonaro ressaltou que não havia clima ou base sólida para qualquer ação extrema.
Em 18 de julho, o ministro Alexandre de Moraes impôs medidas restritivas ao ex-presidente, incluindo o uso de tornozeleira eletrônica e proibições de circulação noturna e publicações em redes sociais. Essas restrições foram motivadas por indícios de que Bolsonaro estaria interferindo nas investigações relacionadas a seu filho, Eduardo Bolsonaro, que supostamente articulava sanções contra ministros do STF com apoio do pai. A Procuradoria-Geral da República (PGR) expressou preocupação com o risco de fuga de Bolsonaro.
Após ser monitorado, o ex-presidente participou de um ato político no Congresso, onde exibiu a tornozeleira e se declarou humilhado. O PL, partido de Bolsonaro, criticou as medidas como perseguição. O ministro Moraes advertiu que novas desobediências poderiam resultar em prisão. A defesa de Bolsonaro não se manifestou até o momento sobre as recentes determinações judiciais.