Na Bolívia, a crescente desconfiança nas instituições financeiras e a inflação recorde de 25% estão levando a população a buscar alternativas para proteger suas economias. Desde a suspensão de uma proibição de uma década, o uso de criptomoedas disparou, com pagamentos digitais alcançando quase US$ 300 milhões nos primeiros seis meses de 2025. Pequenos comerciantes e grandes empresas, como universidades e até a estatal de petróleo, já utilizam ativos digitais como Bitcoin e stablecoins para transações diárias.
Oswaldo Barriga, líder empresarial local, destaca que a adoção de criptomoedas entre importadores é significativa, especialmente quando a moeda forte está em falta. A crise econômica da Bolívia, marcada por déficits orçamentários consecutivos e uma dívida externa equivalente a um quarto do PIB, tem impulsionado essa mudança. A indústria de gás natural, uma das principais fontes de receita do país, enfrenta dificuldades, exacerbando a necessidade de soluções financeiras alternativas.
Embora as criptomoedas ainda representem uma fração da economia boliviana, sua popularidade cresce em meio à desconfiança generalizada nas instituições tradicionais. Christopher Salas, um vendedor de café em La Paz, relata que alguns clientes já optam por pagar em Bitcoin, refletindo uma mudança de comportamento no comércio local. Com as eleições presidenciais marcadas para 17 de agosto, a crise econômica já solidificou o uso de criptomoedas na vida cotidiana, indicando que essa tendência deve persistir independentemente do resultado eleitoral.