A 23ª edição da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) destaca a presença de autoras indígenas e da Amazônia, com ênfase na programação do Sesc Santa Rita. Entre elas, a escritora Sony Ferseck, fundadora da primeira editora independente de Roraima, que visa a publicação de autores indígenas e obras bilíngues. Durante sua participação na mesa 'Pluralidades editoriais e a criação literária', realizada na quinta-feira (31), Sony ressaltou a importância de empoderar os anciãos indígenas a se tornarem autores, afirmando que isso transforma a literatura em um bem acessível a todos.
Sony Ferseck, que também é professora e poeta, teve seu livro 'Weiyamî: mulheres que fazem sol' reconhecido como semifinalista do 65º Prêmio Jabuti. Ela destacou os desafios enfrentados no mercado editorial de Roraima, onde a escassez de recursos e a falta de gráficas dificultam a publicação de obras. A escritora compartilhou sua experiência no projeto Panton Pia’, que visa preservar e divulgar as histórias e conhecimentos tradicionais dos mais velhos da comunidade indígena.
A editora Wei, criada por Sony, tem se dedicado a publicar essas narrativas orais, permitindo que os indígenas se reconheçam como autores. A escritora enfatizou que, apesar das dificuldades, a impressão sob demanda tem possibilitado a circulação de publicações independentes, contribuindo para que as vozes da Amazônia alcancem um público mais amplo. Sony acredita que a literatura e a arte têm o poder de promover mudanças significativas na sociedade, reafirmando a importância da expressão cultural indígena.
Além de Sony, a programação do Sesc Santa Rita contou com a participação da poeta acreana Francis Mary, que abordou temas como a defesa da floresta e dos povos da Amazônia, e da artista Paty Wolff, que também trouxe reflexões sobre a arte como ferramenta de memória e resistência. A Flip, que ocorre em Paraty, se consolida como um espaço de valorização da diversidade literária e cultural do Brasil.