No Vale do São Francisco, uma das regiões mais prósperas do Brasil em produção agrícola, assentamentos da reforma agrária enfrentam sérios desafios. Apesar de a área gerar bilhões com a fruticultura irrigada, os agricultores lutam por acesso à água, regularização fundiária e canais diretos de comercialização. Segundo Estevan Muñoz, coordenador de um projeto que analisa as cadeias de valor da reforma agrária, a produção dos assentamentos permanece invisível em meio à riqueza do agronegócio local.
A dependência de atravessadores é um dos principais obstáculos para os agricultores, que vendem entre 92% e 93% de sua produção a intermediários que ditam os preços. Isso resulta em uma distorção significativa de valores, onde os assentados recebem apenas uma fração do que suas frutas valem no mercado. A falta de cooperativas e infraestrutura adequada agrava essa situação, levando a um desperdício considerável e à exploração dos trabalhadores rurais.
Além disso, o acesso à água, essencial para a agricultura irrigada, é restrito para muitos assentamentos, que enfrentam sistemas precários e altos custos operacionais. Essa desigualdade histórica destaca a urgência de políticas públicas que promovam a dignidade e a sustentabilidade das comunidades agrícolas locais, garantindo que os benefícios da fruticultura sejam compartilhados de maneira justa entre todos os envolvidos.