Lorena*, 62 anos, motorista de aplicativo, tornou-se mais uma vítima do vício em apostas online, acumulando uma dívida de R$ 50 mil após um ano de apostas frequentes. Em 2023, ela começou a apostar R$ 30, mas a curiosidade rapidamente se transformou em um hábito compulsivo, levando-a a recorrer à Lei do Superendividamento para renegociar suas dívidas com os bancos. A aposentada relata que utilizou cartão de crédito e cheque especial para sustentar o vício, que a fez perder o controle financeiro.
Apesar de uma renda mensal de pouco mais de R$ 8 mil, Lorena afirma que o dinheiro evaporava rapidamente entre ganhos e perdas nas plataformas de apostas. Sua última aposta foi em março deste ano, quando decidiu desinstalar os aplicativos do celular, reconhecendo o impacto negativo que o vício teve em sua vida. A situação de Lorena reflete um fenômeno crescente entre a população idosa, que, segundo dados do Banco Central, gasta em média R$ 3 mil por mês em apostas.
Rodrigo Machado, psiquiatra do Instituto de Psiquiatria da USP, destaca que a solidão e o distanciamento social entre os idosos podem contribuir para o desenvolvimento do transtorno do jogo. Ele observa que, embora os jovens sejam mais suscetíveis à dependência, os idosos também enfrentam vulnerabilidades que os tornam alvos fáceis para o vício em apostas. A situação de Paulo*, 74 anos, que se tornou dependente de apostas após se isolar socialmente, exemplifica esse problema crescente entre os mais velhos, que buscam nas apostas uma forma de preencher o vazio emocional.