A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) voltada para investigar os desvios no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) começou os trabalhos nesta terça-feira, com a definição do plano de trabalho e análise de requerimentos. O relator é o deputado federal Alfredo Gaspar (União-AL), escolhido em contrariedade às indicações feitas pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB). Aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o parlamentar está em seu primeiro mandato e costuma dizer que é ‘de direita com muito orgulho’. Na manhã desta terça-feira, na primeira reunião como relator, Gaspar afirmou que seu trabalho não contará com uma ‘flecha apontada’ para ninguém. De acordo com ele, embora cada parlamentar tenha preferências partidárias específicas, a relatoria da CPI não será pautada por interesses parciais.
O deputado apresentou um plano de trabalho que prevê investigar fraudes desde 2015, período em que o país era comandado pela ex-presidente Dilma Rousseff. Apesar de protestos da base do governo, o documento foi aprovado. Gaspar defendeu a proposição alegando que ‘não tem partidário aqui (na CPI), todos serão investigados’. Em um acordo construído com a oposição, governistas firmaram um pacto para proteger Frei Chico, irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), de uma eventual convocação. O relator enfatizou que sua atuação será pautada por uma investigação técnica e transparente, focada na busca da verdade.
Gaspar possui um histórico de ataques diretos ao governo em temas de alto impacto social e já atribuiu ao PT as fraudes que ocasionaram desvios nos recursos das aposentadorias. Ele criticou cortes no Bolsa Família e responsabilizou a gestão petista pela escalada da inflação. O desdobramento dessa CPI poderá impactar a relação entre os partidos e a percepção pública sobre a gestão dos recursos previdenciários no Brasil, especialmente em um momento em que as tensões políticas estão elevadas.