O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), afirmou nesta terça-feira (26) que as emendas parlamentares não devem ser criminalizadas. A declaração surge dois dias após o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Flávio Dino, determinar a abertura de um inquérito da Polícia Federal (PF) para investigar o destino de R$ 694,7 milhões em emendas Pix repassadas sem plano de trabalho. Durante uma audiência sobre gastos tributários na Câmara dos Deputados, Alcolumbre enfatizou a importância das emendas como instrumentos de investimento e desenvolvimento nas regiões mais carentes do Brasil, ressaltando que as críticas desconsideram os resultados positivos desses recursos enviados por deputados e senadores a suas bases eleitorais.
A investigação autorizada por Flávio Dino foca em 964 emendas individuais de transferência especial, conhecidas como “emendas Pix”, que foram destinadas entre 2020 e 2024 sem os planos de trabalho registrados. O ministro deu um prazo de dez dias úteis para que o Tribunal de Contas da União (TCU) identifique quais emendas estão ligadas aos planos pendentes e repasse as informações à PF. As “emendas Pix” têm sido criticadas por sua falta de transparência e fiscalização, com estudos indicando que muitas vezes são utilizadas para fins eleitorais, ao invés de atender políticas públicas efetivas.
Com a aprovação de R$ 50,4 bilhões para emendas parlamentares em 2025, o valor supera a soma dos recursos livres para investimentos de 30 dos 39 ministérios. Essa mudança nas leis orçamentárias permitiu que deputados e senadores controlassem bilhões de reais sem a necessidade de negociar com ministros, levantando preocupações sobre a responsabilidade fiscal e a utilização adequada dos recursos públicos. A situação atual exige um debate mais profundo sobre a transparência e a eficácia das emendas parlamentares no Brasil.