Marcos Jank, coordenador do Insper Global Agribusiness Center, afirma que o agronegócio brasileiro precisa se preparar para um mundo repleto de incertezas. Segundo ele, a crença de que o Brasil é indispensável para a segurança alimentar global é uma ilusão, pois muitos países buscam reduzir sua dependência de alimentos importados. Jank enfatiza que a gestão de risco é crucial neste novo cenário, onde as regras do comércio agrícola estão sendo reescritas rapidamente.
A situação é ainda mais complexa devido à chamada ‘nova desordem internacional’, onde instituições como a Organização Mundial do Comércio e a ONU enfrentam dificuldades em manter a ordem e resolver conflitos. Jank compara essa transformação a um jogo de futebol sem regras, onde a geopolítica se torna o novo foco das negociações comerciais. Ele observa que a abordagem direta e transacional adotada por líderes como Donald Trump alterou significativamente as dinâmicas comerciais, afetando até mesmo as percepções de sucesso nas negociações.
Para o Brasil, essa nova realidade exige uma adaptação rápida e eficaz para garantir sua relevância no mercado global. Jank alerta que a presença da China e suas estratégias de autossuficiência alimentar representam um desafio adicional. O país asiático busca diversificar seus fornecedores, o que pode impactar diretamente as exportações brasileiras. Assim, o agronegócio nacional deve se reinventar para não apenas sobreviver, mas prosperar em um ambiente comercial cada vez mais volátil.