A agressão brutal cometida pelo ex-jogador de basquete Igor Eduardo Pereira Cabral, que desferiu mais de 60 socos em sua namorada dentro de um elevador, provocou indignação pública e uma reação surpreendente nas redes sociais. Desde a prisão do agressor, um número alarmante de mulheres manifestou interesse afetivo e sexual por ele, com 1.542 e-mails recebidos por um veículo de comunicação, a maioria expressando apoio emocional e declarações de amor.
O fenômeno, identificado como hibristofilia, é uma parafilia que atrai pessoas a criminosos, especialmente aqueles envolvidos em atos violentos. Especialistas em psicologia alertam que essa situação é preocupante, pois mistura a fantasia de um criminoso com a realidade de um crime registrado em vídeo. Heitor Werneck, produtor cultural, destaca que a erotização de figuras marginais é um fenômeno antigo, amplamente explorado na cultura popular e no cinema.
Werneck também observa que, no Brasil, a imagem do marginal é frequentemente romantizada, criando uma narrativa que associa perigo à proteção. Ele ressalta que, embora o fetiche por criminosos possa ser consensual em ambientes específicos, a confusão entre fantasia e realidade pode ter consequências perigosas. O caso de Igor Cabral exemplifica como essa linha tênue pode ser ultrapassada, levando a uma percepção distorcida do amor e da salvação em contextos de violência.