No dia 1º de março de 2024, Laura Maria de Oliveira, de 59 anos, sofreu um grave acidente enquanto se deslocava de Cascadura para a Tijuca, no Rio de Janeiro, utilizando uma moto de aplicativo. A diarista, que havia conseguido um emprego formal como empregada doméstica apenas 15 dias antes, optou pela moto para economizar tempo em um trajeto que costuma ser congestionado. Durante o percurso, um carro trocou de faixa sem sinalizar, colidindo com a motocicleta.
Laura ficou internada por 14 dias aguardando cirurgias para tratar fraturas no úmero e clavícula, além de uma lesão no nervo radial. Um ano e cinco meses após o acidente, ela se prepara para um terceiro procedimento cirúrgico, que pode não garantir a recuperação total dos movimentos do cotovelo. A experiência a levou a desistir do transporte por moto, mesmo com um filho que possui uma motocicleta.
O aumento do uso de motocicletas no Brasil, que cresceu 42% na última década, é um reflexo das dificuldades de mobilidade enfrentadas pela população, segundo Victor Pavarino, especialista da Organização Pan-Americana de Saúde. Ele alerta que a dependência de motos, especialmente entre famílias de baixa renda, é uma consequência de um sistema de transporte que prioriza o automóvel e ignora as necessidades de segurança viária e saúde pública. A situação evidencia a relação entre mobilidade e questões sociais, ressaltando os riscos enfrentados por trabalhadores informais que utilizam motos para garantir sua renda.