A violência política de gênero continua a ser um obstáculo significativo à participação das mulheres nos espaços de poder no Brasil, mesmo após avanços legislativos. A advogada Sabrina Veras, coordenadora de ações políticas do Instituto Brasileiro de Direito Partidário (Ibradip), destaca que essa forma de violência compromete tanto o desempenho de mandatos e campanhas quanto a própria democracia. Segundo Veras, as agressões se manifestam através de assédio, perseguições e ameaças, refletindo um desprezo pela condição feminina.
Dados do Observatório de Violência Política contra a Mulher, referentes ao biênio 2022-2023, indicam que as principais formas de violência reportadas são psicológicas, econômicas e físicas. Recentemente, episódios envolvendo figuras públicas, como a ministra Marina Silva e a deputada Renilce Nicodemos, evidenciam a gravidade da situação. Marina Silva foi alvo de ataques misóginos durante audiências na Câmara dos Deputados, enquanto Renilce Nicodemos viu um ex-deputado ser condenado por ofensas públicas.
Um levantamento da Confederação Nacional de Mulheres, realizado em 2024, revelou que mais de 60% das prefeitas e vice-prefeitas relataram ter sofrido violência de gênero durante suas campanhas ou mandatos. Apesar dos avanços, Veras alerta para a necessidade de um engajamento contínuo entre órgãos públicos e partidos políticos para garantir a efetividade da Lei nº 14.192/2021, que visa combater essa violência. A falta de mecanismos adequados dentro dos partidos políticos ainda perpetua a impunidade e afasta as mulheres da política, segundo a especialista.