Um total de 6.243 pessoas foram mortas por policiais militares e civis no Brasil em 2022, segundo o 19º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado nesta quinta-feira (24). Apesar de uma redução de 3% em relação ao ano anterior, a média de 17 mortes diárias ainda é alarmante, especialmente em um contexto de queda geral nos assassinatos no país. A violência policial, portanto, representa uma proporção crescente das mortes violentas intencionais, passando de 5,1% em 2014 para 14,1% em 2022.
Os dados revelam que a maioria das vítimas da violência policial são homens, negros e jovens entre 18 e 24 anos, com uma taxa de mortalidade de 9,6 a cada 100 mil habitantes nessa faixa etária. Além disso, o risco de um indivíduo negro ser morto por forças de segurança é 3,5 vezes maior do que o de uma pessoa branca. O estado de São Paulo registrou um aumento significativo nas mortes provocadas por policiais, com 813 casos, um crescimento de 61% em relação ao ano anterior, em grande parte devido à Operação Verão.
A Operação Verão, que ocorreu entre o fim de janeiro e o início de abril, resultou em 56 mortes, tornando-se a operação mais letal da Polícia Militar desde o Massacre do Carandiru, em 1992. A diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Samira Bueno, destacou a necessidade de um controle mais rigoroso sobre as forças policiais, apontando a conexão entre a corrupção policial e a letalidade em operações. O debate sobre a obrigatoriedade do uso de câmeras corporais pela Polícia Militar tem ganhado força, visando aumentar a transparência e a responsabilidade nas ações policiais.