Empresas brasileiras enfrentam dificuldades nas negociações com a Venezuela após a suspensão de benefícios fiscais que garantiam a isenção de tarifas para produtos exportados. Desde 18 de julho, a Federação das Indústrias do Estado de Roraima (Fier) recebeu relatos de empresários que se surpreenderam com a cobrança de tarifas, mesmo com a apresentação de certificados de origem, que deveriam assegurar a entrada sem impostos.
O Ministério das Relações Exteriores do Brasil informou que está investigando a situação em conjunto com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. A Embaixada do Brasil em Caracas busca esclarecer a natureza da mudança, que contraria o Acordo de Complementação Econômica nº 69 (ACE 69), que prevê a isenção de impostos entre os dois países.
Relatos indicam que, desde 17 de julho, o sistema aduaneiro venezuelano deixou de aplicar automaticamente os benefícios previstos nos acordos comerciais com Brasil e outros países do Mercosul. A Câmara Venezuelana Brasileira de Comércio e Indústria de Roraima destacou que não houve aviso oficial sobre a mudança, gerando incertezas sobre a natureza da decisão. Enquanto isso, empresas brasileiras estão suspendendo temporariamente os envios à Venezuela, afetando toda a cadeia de suprimentos.
Em 2024, o comércio entre Brasil e Venezuela alcançou US$ 1,6 bilhão, com US$ 1,2 bilhão em exportações brasileiras. Apesar de representar apenas 0,4% do total exportado pelo Brasil, a Venezuela é um mercado significativo para Roraima, onde 46,1% das exportações do estado foram destinadas ao país vizinho, principalmente alimentos como óleo de soja e farinha de trigo.