A Venezuela começou a taxar produtos importados do Brasil a partir de 18 de julho, conforme informou a Câmara Venezuelana Brasileira de Comércio e Indústria de Roraima. A nova medida contraria um acordo de complementação econômica firmado em 2014, que isentava a cobrança de impostos sobre a maior parte do comércio bilateral entre os dois países. Exportadores de Roraima, que destinam 70% de suas exportações para a Venezuela, foram os mais afetados pela decisão repentina.
O Ministério das Relações Exteriores do Brasil está monitorando a situação em coordenação com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). A Embaixada do Brasil em Caracas está em contato com autoridades venezuelanas para esclarecer a natureza da taxação, que inclui uma taxa de 40% sobre produtos como açúcar e margarina, e 20% sobre farinha de trigo, além de impostos adicionais como 1% pelos serviços aduaneiros e 16% de Imposto sobre Valor Agregado (IVA).
Eduardo Oestreicher, presidente da entidade empresarial de Roraima, destacou que o impacto da nova taxação é significativo, tornando inviável a competitividade dos produtos brasileiros no mercado venezuelano. Ele alertou que empresas venezuelanas podem optar por fornecedores de países como Colômbia, México e Turquia, o que pode afetar ainda mais o comércio bilateral. A Federação das Indústrias do Estado de Roraima já iniciou investigações internas e mantém contato com autoridades para buscar soluções para a normalização do fluxo comercial.
A Secretaria de Planejamento do governo de Roraima expressou preocupação com a elevação da alíquota do imposto, ressaltando que a Venezuela é o principal parceiro comercial do estado, responsável por mais de 70% das exportações. O governo estadual está em diálogo com o Ministério das Relações Exteriores e outras autoridades federais para encontrar alternativas diplomáticas que preservem a relação comercial entre Brasil e Venezuela.