O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta terça-feira (8) que as vendas varejistas no Brasil apresentaram uma queda de 0,2% em maio em comparação a abril, marcando o segundo mês consecutivo de retração. As expectativas do mercado, conforme pesquisa da Reuters, eram de um crescimento de 0,2%. A data comemorativa do Dia das Mães, tradicionalmente significativa para o comércio, não foi suficiente para reverter o cenário negativo.
O desempenho das vendas contrasta com o crescimento observado nos primeiros três meses do ano, quando março registrou o maior nível da série histórica desde 2000. Cristiano Santos, gerente da pesquisa do IBGE, destacou que a alta dos juros e o impacto no crédito à pessoa física têm contribuído para a desaceleração do setor. Comparando com maio do ano anterior, as vendas apresentaram um aumento de 2,1%, embora abaixo da expectativa de 2,4%.
A atual taxa básica de juros Selic está fixada em 15% ao ano, com o Banco Central sinalizando uma interrupção no ciclo de alta. O cenário econômico, marcado por juros elevados e inflação persistente, continua a desafiar o comércio, apesar da robustez do mercado de trabalho. Entre as atividades pesquisadas, destacaram-se os setores de equipamentos e material para escritório, que cresceram 3%, e móveis e eletrodomésticos, com alta de 2%. No entanto, outros segmentos, como combustíveis e lubrificantes, apresentaram quedas significativas.
No comércio varejista ampliado, que inclui veículos e material de construção, houve um leve aumento de 0,3% nas vendas em maio em relação ao mês anterior, impulsionado principalmente pelo crescimento de 1,5% nas vendas de veículos e motos. Especialistas, como André Valério, economista sênior do Inter, alertam que as condições financeiras adversas devem continuar a impactar o setor ao longo do ano.