As vendas do varejo brasileiro registraram uma queda de 0,2% em maio, conforme dados divulgados nesta terça-feira (8) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Este é o segundo mês consecutivo de recuo, após uma redução de 0,4% em abril, refletindo os efeitos da política monetária restritiva implementada pelo Banco Central desde setembro de 2022. Economistas apontam que, apesar da desaceleração, a demanda interna deve se ajustar de forma gradual, sustentada por um mercado de trabalho ainda robusto e estímulos governamentais.
No comércio varejista ampliado, que inclui setores como veículos e materiais de construção, houve um crescimento de 0,3% em maio. No entanto, no acumulado de 12 meses, as vendas restritas e ampliadas ainda apresentam altas significativas, de 3,0% e 2,4%, respectivamente. A XP Investimentos destaca que, apesar da queda geral, 60% das atividades varejistas apresentaram crescimento mensal, com destaque para produtos farmacêuticos e vestuário.
Entretanto, o grupo de combustíveis e lubrificantes enfrentou sua terceira queda consecutiva, e outros setores, como artigos pessoais e atividades de cash & carry, também mostraram desempenho negativo. A análise da XP sugere cautela na interpretação dos dados, ressaltando que a resiliência de segmentos sensíveis à renda, como supermercados e produtos farmacêuticos, pode persistir no curto prazo, apesar da pressão do crédito restritivo e do alto endividamento das famílias.
Luis Otávio Leal, economista chefe da G5 Partners, observa que a desaceleração do varejo ampliado pode ser um reflexo de acomodação após atingir patamares recordes em março. Ele ressalta que mais dados serão necessários para confirmar se a desaceleração é mais acentuada do que o esperado, mas a expectativa é de uma perda gradual de ritmo no setor e na economia brasileira como um todo.