No terceiro trimestre de 2025, o varejo brasileiro apresenta um crescimento projetado de 1,98% em relação ao mesmo período do ano anterior, impulsionado pelo aumento da renda e do emprego. A análise do IBEVAR-FIA Business School revela que o número de pessoas ocupadas cresceu 2,5% em maio de 2025, enquanto a massa de rendimento real subiu 5,8%, superando a inflação de 5,27%. Apesar desse cenário positivo, os altos juros e o crescente endividamento das famílias impõem desafios ao consumo, especialmente de bens duráveis.
A taxa de juros para pessoa física atingiu 58,16% ao ano, refletindo um aumento de 5,54 pontos percentuais em relação ao ano anterior. Esse cenário de crédito restrito impacta negativamente setores dependentes de financiamento, como automóveis e móveis, que registraram retrações de 2,37% e 0,80%, respectivamente. A inadimplência projetada em 6,21% para setembro também contribui para um clima de cautela entre os consumidores.
A pesquisa também destaca o comportamento digital dos consumidores, com setores como hotelaria e cosméticos apresentando alto interesse online, enquanto o setor automotivo, apesar de uma intenção de busca significativa, não consegue converter esse interesse em vendas devido às condições de financiamento desfavoráveis. O desengajamento online em móveis e eletrodomésticos sugere uma queda nas vendas, refletindo um consumidor mais seletivo e consciente.
Claudio Felisoni, presidente do IBEVAR, aponta que a transformação digital favorece setores com forte presença online, enquanto a restrição creditícia continuará limitando compras de bens duráveis. O cenário atual indica um consumidor mais informado, que prioriza necessidades sobre desejos e utiliza canais digitais para pesquisa antes de realizar suas compras.