A cidade de Torre Pacheco, no sudeste da Espanha, foi palco de uma onda de vandalismo e ataques a imigrantes durante três noites consecutivas, após a agressão de um idoso em um incidente ainda sob investigação. Grupos de extrema-direita tomaram as ruas, especialmente em busca de marroquinos, incitados por mensagens anônimas nas redes sociais que convocavam a população a "fazer justiça com as próprias mãos".
Os ataques resultaram em destruição de propriedades, incluindo bares e casas de estrangeiros, além de incêndios em lixeiras e apedrejamento de veículos. Muitos imigrantes, temendo por suas vidas, se refugiaram em suas casas. "Era como se a cidade tivesse virado contra nós", relatou Mohamed, um trabalhador rural de 32 anos, refletindo sobre o clima de medo que dominou a comunidade.
A polícia, com o apoio de reforços e uso de balas de borracha, conseguiu conter os ataques, resultando na prisão de pelo menos nove pessoas e ferimentos em cinco, incluindo dois policiais. O governo local intensificou a segurança e as escolas reduziram seus horários, enquanto muitos comerciantes imigrantes optaram por manter seus negócios fechados.
O ministro do Interior, Fernando Grande-Marlaska, atribuiu a hostilidade contra imigrantes a discursos inflamados por partidos de extrema-direita, como o Vox, alertando que "palavras inflamam" e podem levar a ações violentas. Com cerca de 35% da população composta por imigrantes, Torre Pacheco, que sempre foi um símbolo de convivência, agora enfrenta um clima de tensão e medo, reminiscentes dos distúrbios racistas de El Ejido em 2000.