O uso indiscriminado da tadalafila, medicamento indicado para disfunção erétil, tem se tornado uma prática preocupante entre frequentadores de academias no Brasil. Jovens e adultos saudáveis, atraídos por promessas estéticas e informações distorcidas nas redes sociais, estão utilizando a substância como pré-treino, sem qualquer orientação médica, o que pode comprometer sua saúde cardiovascular e física.
A tadalafila atua como vasodilatador, aumentando o fluxo sanguíneo e proporcionando uma aparência temporária de músculos mais cheios durante os exercícios. No entanto, especialistas alertam que não há evidências científicas que comprovem benefícios reais no desempenho atlético ou no ganho de massa muscular, e os efeitos são meramente visuais.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) já proibiu a venda de produtos que contenham tadalafila, reconhecendo os riscos associados ao uso recreativo da substância. O Ministério da Saúde reforça que a medicação deve ser utilizada apenas com prescrição médica, após uma avaliação clínica adequada. A facilidade de acesso ao medicamento, impulsionada pela venda sem retenção de receita, tem contribuído para um aumento significativo nas vendas, que saltaram de 21,4 milhões de caixas em 2020 para 47,2 milhões em 2023.
Além dos efeitos adversos imediatos, como dor de cabeça e taquicardia, especialistas alertam para o risco de dependência psicológica entre os usuários. Fatores culturais, como a romantização do desempenho físico e sexual, têm contribuído para a banalização do uso da tadalafila, frequentemente sem a devida orientação médica, o que agrava ainda mais a situação.