O uso indiscriminado de hormônios e anabolizantes sem orientação médica representa sérios riscos à saúde, conforme alerta a endocrinologista Stephanie Nemeth. Essas substâncias, frequentemente utilizadas para ganho de massa muscular e melhoria do desempenho físico, podem causar efeitos colaterais graves e, em muitos casos, irreversíveis. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) registrou um aumento significativo na venda de anabolizantes no Brasil, passando de 1 milhão de unidades em 2018 para mais de 7 milhões em 2023.
Embora os anabolizantes possam ser prescritos para tratar deficiências hormonais e perda muscular em situações clínicas específicas, seu uso sem supervisão médica, especialmente por razões estéticas, pode resultar em complicações severas. Entre os efeitos colaterais, destacam-se o engrossamento da voz, aumento de pelos faciais e corporais, acne severa e alterações hormonais que podem levar à infertilidade e distúrbios menstruais, tanto em homens quanto em mulheres.
A médica também ressalta a preocupação com a falta de regulamentação no uso de formulações hormonais, uma vez que a testosterona e seus derivados não possuem aprovações específicas para uso feminino pela Anvisa. O uso de produtos manipulados sem controle de qualidade aumenta os riscos de contaminação e dosagens inadequadas. Além disso, a prescrição de anabolizantes com finalidade estética, sem justificativa clínica, é uma prática crescente que ignora os princípios da medicina baseada em evidências, colocando os pacientes em risco.
Por fim, o uso prolongado de hormônios pode levar a problemas psicológicos, como a dismorfia muscular, onde o indivíduo se percebe de forma distorcida em relação ao seu corpo. A endocrinologista enfatiza a importância de buscar acompanhamento médico especializado para avaliação e tratamento seguro dos níveis hormonais.