A União Europeia (UE) apresentou nesta segunda-feira (28) uma proposta inédita que sugere a suspensão parcial da participação de Israel no programa Horizon Europe, focado em pesquisa e inovação. A medida, que será discutida pelos 27 Estados-membros na terça-feira (29), visa impactar start-ups israelenses em setores como inteligência artificial e cibersegurança, em resposta à deterioração da situação humanitária na Faixa de Gaza.
A Comissão Europeia justifica a proposta citando a grave situação humanitária, mesmo após Israel ter implementado pausas humanitárias nos combates. Relatórios da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam níveis alarmantes de desnutrição na região, com um aumento significativo nas mortes desde julho. A base legal para a proposta se apoia no artigo 2º do Acordo de Associação entre Israel e a UE, que exige o respeito aos direitos humanos.
A iniciativa reflete uma mudança na postura da UE em relação a Israel, com países como França e Espanha pressionando por ações concretas, enquanto Alemanha e Hungria adotam uma posição mais cautelosa. A proposta pode abrir precedentes para revisões em outros acordos de cooperação e intensificar o debate sobre os critérios éticos dos financiamentos europeus.
Em resposta, o governo israelense classificou a proposta como "errada e injustificada", afirmando que fortalece o Hamas e prejudica as negociações para um cessar-fogo. Embora a suspensão não afete diretamente a cooperação acadêmica, representa a primeira sanção concreta da UE desde o início do conflito entre Israel e Hamas em 7 de outubro de 2023.