Na noite de quinta-feira, 10 de julho, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou a imposição de uma tarifa de 35% sobre produtos canadenses, uma medida que intensifica sua política protecionista em meio à corrida eleitoral de 2026. A decisão surpreendeu investidores, considerando a forte interdependência comercial entre os dois países, com o Canadá sendo o segundo maior parceiro comercial dos EUA, atrás apenas da China.
Os produtos afetados incluem energia, madeira, componentes industriais e insumos agrícolas, o que pode resultar em um aumento significativo nos preços desses bens. Essa elevação tende a pressionar o índice de preços ao consumidor (CPI), especialmente nos setores de construção civil, alimentos e manufatura, complicando o cenário econômico dos EUA e potencialmente revertendo o ciclo de cortes de juros iniciado pelo Federal Reserve (FED) no segundo semestre de 2024.
Os mercados já começaram a reagir à nova tarifa, com os yields dos Treasuries de 10 anos subindo para 4,39% no pré-mercado, enquanto os índices de ações, como o S&P 500 e o Nasdaq Composite, apresentaram quedas de cerca de 0,7%. Além disso, a possibilidade de retaliação por parte do governo canadense aumenta os temores de uma guerra comercial bilateral, o que pode afetar ainda mais a volatilidade dos ativos financeiros.
Essa nova dinâmica também impacta a política monetária brasileira, que já enfrentava desafios com o ciclo de cortes da Selic iniciado em 2023. A recente alta do dólar e a imposição de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros podem levar o Comitê de Política Monetária (Copom) a reconsiderar sua estratégia, interrompendo os cortes ou até avaliando novas elevações da taxa de juros no país.