Em maio, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou que não se envolveria mais em assuntos estrangeiros, defendendo que os povos deveriam seguir seus próprios destinos. No entanto, dois meses após essa afirmação, Trump enviou cartas de apoio ao ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro e pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) que encerrasse a investigação contra ele, o que levanta questionamentos sobre a coerência de sua política externa.
Além disso, Trump se uniu a Israel em ataques ao Irã durante a chamada 'guerra dos 12 dias', o que contrasta com sua retórica de não intervenção. Segundo o internacionalista Matheus Albuquerque, essa aparente contradição reflete uma lógica própria de Trump, que prioriza seus interesses e a imagem de um líder transformador, mesmo que isso signifique ignorar princípios de não intervenção.
Albuquerque ressalta que, embora Trump afirme não intervir em questões políticas de outros países, suas ações, como a imposição de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros e sanções a autoridades do Brasil, visam redesenhar a ordem internacional e atender a sua base política. Essa estratégia busca equilibrar as diferentes correntes dentro do Partido Republicano, que oscila entre o isolacionismo e a intervenção em assuntos internacionais.
A complexidade da política externa de Trump se manifesta em sua necessidade de agradar a diferentes grupos dentro de seu partido, enquanto tenta proteger interesses econômicos dos EUA. O desafio de manter essa equação política pode resultar em decisões que contradizem suas promessas de não interferência, evidenciando a dinâmica multifacetada de sua administração.