O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou na quarta-feira (9) a imposição de uma tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros, uma medida que combina aspectos econômicos e políticos. A decisão, que se dá em meio a um contexto de tensão comercial, visa embaraçar o governo brasileiro ao mencionar a situação do ex-presidente Jair Bolsonaro, aliado na região. A especialista Lia Valls, do FGV/Ibre, avalia que essa tarifa pode impactar significativamente os exportadores brasileiros, forçando o país a buscar negociações para mitigar os efeitos negativos.
Valls destacou que o comércio internacional já enfrentava incertezas, especialmente após o adiamento das tarifas, inicialmente programadas para entrar em vigor em julho. A especialista observa que, apesar do clima de perplexidade, essa pausa pode abrir oportunidades para que outros países busquem novos acordos comerciais, reduzindo a dependência dos Estados Unidos. Além disso, ela alertou que a credibilidade de Trump pode estar em risco devido às constantes mudanças em suas políticas tarifárias.
A Organização Mundial do Comércio (OMC) e o Fundo Monetário Internacional (FMI) projetam um crescimento de 2,8% na economia mundial em 2025, impactada pelas tarifas. Em 2024, a expectativa era de um crescimento de 3,3%. Valls também mencionou que, embora a economia global esteja desacelerando, não se vislumbra uma catástrofe no comércio mundial, permitindo que os países se adaptem às novas realidades comerciais. O Brasil, que já enfrenta desafios em sua balança comercial, pode ver um aumento na concorrência de nações com produtos mais competitivos, especialmente no setor siderúrgico, que é um dos mais afetados pela nova tarifa.